
"Feelings are intense, words are trivial..."
25 anos de carreira e um álbum para marcar esta data. Playing the Angel foi o ponto de partida para a visita de Depeche Mode ao nosso pequeno país.
Mais do que um concerto, uma viagem ao passado, aos meandros da electrónica exprimentalista dos anos 80, de uma onda de libertação que passou em grande plano pela voz de David Gahan.
Mais do que cantor, o vocalista dos Depeche Mode tornou-se, com o passar dos anos, num ícone capaz de trazer a música alternativa para as massas. O seu carisma não passa despercebido e quem esteve no pavilhão atlântico rendeu-se a esse poder com um imenso prazer.

A magia começou com A Pain That I'm Used To, o último single retirado do novo álbum, e é talvez o melhor exemplo de como os Depeche Mode se mantêm na ribalta, depois de tantos anos. Os ritmos arrojados, a voz poderosamente melodiosa e um je ne sais quoi que abrilhanta o conjunto. Seguiram com algumas das suas canções mais recentes, numa primeira parte mais calma mas a fazer crescer água na boca para os momentos que se seguiam. No palco a banda partilhava o espaço com objectos vindos do espaço, bancadas galáxicas e um planeta com palavras sugestivas a neón como: Love; Pain; Sex; Vain...
Martin Gore toma conta do microfone em Damaged People e Home, criando um dos mais intimistas momentos da noite. A sua voz ecoava pelas paredes do pavilhão assombrando os nossos pensamentos. David Gahan volta com I Want It All e já não havia como voltar a trás, somos sugados numa espiral do tempo revivendo exitos como I Feel You, Behind The Wheel, World In My Eyes e acabndo em extase com Personal Jesus e Enjoy the Silence cantados a plenos pulmões.

De volta no 1º encore, os anos 80 já tinham chegado para ficar, os pés não paravam de mexer, as memórias não paravam de se atropelar. Shake The Disease, Just Can't Get Enough e Everything Counts, sempre acompanhados por um conjunto de ecrãs gigantes no fundo do palco com imagens que ilustravam na perfeição os motivos das músicas.
Never Let me Down Again e Goodnight Lovers, este último cantado a duas vozes, fechavam uma noite que promete não sair das nossas cabeças tão cedo. David Gahan e Martin Gore repetiam a frase que mais sentido fazia naquele momento "Like all soul sisters, and soul brothers". Num uníssono, não só de vozes mas de estados de espírito, as mais variadas gerações que enchiam o pavilhão atlântico tomavam consciência de que partilhavam um momento especial, de que mais uma vez os Depeche Mode tinham feito história, não num sentido lato mas a um nível muito pessoal.
É por isso com orgulho que partilho o segredo que foi o concerto de dia 8. Porque enquanto o mundo lá fora passava aquele lugar à beira-rio presenciava um momento que nunca irá passar.
 Para os interessados aqui fica o alinhamento do concerto:
A Pain That I'm Used To John The Revelator A Question of Time Policy of Truth Precious Walking In My Shoes Suffer Well Damaged People Home I Want It All The Sinner In Me I Feel You Behind The Wheel World In My Eyes Personal Jesus Enjoy The Silence
Encore 1
Shake The Disease Just Can't Get Enough Everything Counts
Encore 2
Never Let Me Down Again Goodnight Lovers

Mais uma coisa, para quem não foi (há sempre junho em alvalade) ou mesmo para quem foi e quer reviver, vão a este link e vejam o vídeo da SIC Notícias. |
Eu não fui ao concerto, mas a sua espectacularidade vê-se pela forma apaixonada como escreveste ;) abraço